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Dádiva da Adoração a Deus

Adorar a Deus é um gesto simples, mesmo que muitas vezes não seja tão fácil assim, pelo menos quando se refere à verdadeira adoração que é feita alegremente, espontaneamente e em plena sinceridade de coração. Pois, apesar de simples, historicamente a humanidade sempre encontrou grandes dificuldades em oferecer a Deus verdadeira e exclusiva adoração. Continue lendo...

terça-feira, 17 de maio de 2011

Um Gezuis estranhamente familiar

Um Gezuis estranhamente familiar

Nasceu no Palácio de Herodes em Jerusalém, centro do poder judaico. Veio para o que era seu, e os seus o receberam, e com muitas pompas!

Aos doze anos já discutia novas rotas comerciais e estratégias de conquista com os conselheiros reais.

Seu primeiro milagre aconteceu num pomposo casamento na realeza. Transformou a água em suco de caju, não por haver faltado bebida na festa, mas apenas para dar uma gorjeta do seu poder. Poderia tê-la transformada em vinho, vodka, ou até whisky, se quisesse. Mas preferiu não escandalizar a ala mais conservadora e fundamentalista dos religiosos.

Aos 30 anos, foi batizado na piscina da cobertura do palácio, por um dos profetas badalados da época. Enquanto descia às águas, viu-se uma águia, símbolo de conquista, sobrevoar sua cabeça, e uma voz que bradou de algum lugar: Este é o cara! Vai e arrasa!

Saiu dali e foi para uma região praiana, tirar quarenta dias de férias antecipadas. Não precisou ser tentado em nada, pois nunca se negou bem algum. Transformou pedras em pizza, só pra se divertir. E ainda fez malabarismo no pináculo do templo, pra tirar uma onda com os sacerdotes. No final das férias, subiu um monte bem alto, avistou os reinos deste mundo e disse pra si mesmo: Tudo isso me darei!

Quando aproximado por algum gentio, do tipo daquele centurião que tinha um servo enfermo, dizia-lhe: Dá um tempo! Não vim pra vocês, seus impuros, idólatras e ignorantes. E mais: Nunca vi tanta petulância! Onde já se viu? Pedir por um serviçal! Além de gentio, é burro!

Ao deparar-se com um cobrador de impostos desonesto, que subira numa árvore só pra lhe ver, Gezuis lhe disse: Como é que é, meu irmão! Vamos ou não vamos dividir esta grana? Desce logo, que tô com pressa! Hoje me convém me hospedar no melhor hotel da região.

Ao ser tocado por uma mulher hemorrágica, esbravejou: Tira essa louca daqui! Não sabe que a Lei proíbe qualquer aproximação de uma pessoa em seu estado? Imunda!

Por onde passava, seus discípulos estendiam um cordão de isolamento, para que leprosos, morféticos, cegos, endemoninhados, e todo tipo de gente asquerosa não ousassem se aproximar do Rei da cocada preta.

Diferente era o trato que dispensava aos fariseus e religiosos da época.

Venham a mim, todos os que querem alguma vantagem da religião. Vocês serão cabeça e não cauda. Comerão o melhor da terra! Unam-se a mim, e eu lhes farei milionários. Aprendam comigo, que sou malandro e esperto de coração. Espertos são os que riem da desgraça alheia. Espertos são os que gostam de ver o circo pegar fogo. Espertos são os que têm fome e sede de sucesso. Eu saciarei seu ego!

Quando procurado por um jovem rico, disse-lhe, sem o menor pudor: Quer sociedade? Vamos rachar esta grana? Vai ter um lugar especial no meu reino, garoto...

E quando entrou em Jerusalém montado naquele exuberante corcel branco 0 km? Foi tremendo! Não tinha pra ninguém!

- Cruz? Que cruz? Tá doido? Cruz é pra gente como Jesus, aquele nazareno nascido numa manjedoura. Eu vim pra ter vida, e vida com abundância. Quem quiser vir após mim, passa tudo o que tem pra minha conta, e me siga. Ou tudo ou nada! Ou dá ou desce!

Revolucionário? Que nada! Graças a um conchavo político feito às escuras com o Império Romano, Gezuis garantiu para si a sucessão de Herodes, e viveu muitos e muitos anos.

Ao morrer, farto de dias, Gezuis confiou seu legado a um grupo de discípulos seletos, que juraram que sua mensagem jamais seria esquecida, e que ao longo dos séculos, sempre haveria quem a promovesse em sua própria geração. Partiu ordenando que cada um dos seus discípulos lhe beijasse os pés, em sinal de submissão. E que aprendessem a se servir uns dos outros, e ainda se servir dos poderes constituídos, sem jamais criticá-los ou censurá-los.

Promessa feita, promessa cumprida.

Basta ligar a TV, o rádio, ou mesmo acessar a internet, para se dar conta de quantos discípulos de Gezuis ainda dão eco à sua voz.




Créditos:
Hermes Fernandes - Genizah - Apologética com Humor

Leia Mais em: http://www.genizahvirtual.com/2009/10/um-gezuis-estranhamente-familiar.html
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sexta-feira, 13 de maio de 2011

Voltemos Evangelho

Primeira Conferência Cante as Escrituras









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É com muita alegria e louvor a Deus que anunciamos a Primeira Conferência Cante as Escrituras, que ocorrerá na Igreja Batista Central de Fortaleza (de Pedras), no Ceará [como chegar?]. Acontecerá dia 21 de maio (sábado) das 19:00h às 21:00h. Iremos defender, através de uma análise bíblica, as três premissas básicas de nosso manifesto: "A música cristã deve ser centrada nas Escrituras", "A música cristã deve ser baseada nos Atributos de Deus" e "A música cristã deve expor Cristo".


Com o intuito de cobrir parcialmente alguns gastos e abençoar outras vidas, a conferência não será gratuita. Mas sem desespero! A entrada custará UM REAL + 1 kg de alimento não perecível. O dinheiro cobrirá gastos, os alimentos serão doados para a ação social da própria IBC.


Pregador: Yago Martins, co-diretor e co-fundador do Cante as Escrituras, membro do Ministério Voltemos ao Evangelho e da Missão GAP.


Se você mora no Nordeste do Brasil, especialmente no Ceará, não perca essa oportunidade. Esperamos você lá para juntos proclamarmos uma música gospel mais cristã!


NOTA: A conferência será transmitida ao vivo por twitcam. Siga o Twitter do Cante as Escrituras e esteja online dia 21, às 17:00 horas para conferir.

domingo, 8 de maio de 2011

Mãe, amor!

Minha mãe, nossa mãe, toda mãe! Cansada, sofrida, triste, alegre, serena, guerreira e amorosa.

Vida: amor do mais puro que há no mundo. Porque mãe incondicionalmente é mãe, por isso incondicionalmente ama de todo seu ser e se entrega ao amor sem medo e sem reservas.

Qual mãe não entrega tudo de si para o bem do filho? Pois se preciso da própria boca tira o pão que alimenta e mesmo em face à morte, com unhas e dentes agarra-se à vida. Não para viver pra si, mas para entregar-se pelos seus amados.

Mãe, não só a que gera, mas a que ama e que ensina o amor. Que cuida, que trata, abre as mãos e acolhe lágrimas, enxuga o rosto e sempre tem um colo de tranquilidade para oferecer. Mãe sofre junto, juntamente corre e anda, ama igualmente, chora como também sorri, vive junto, morre junto...

Mãe é vida, desde o ventre até a morte! Há um passo da morte ainda vive! E o que vive é somente amor! Toda mãe é mártir do amor, e todas são guerreiras da vida, heroínas... Na fraqueza dos seus braços aprendemos a vencer batalhas; no derramar de suas lágrimas compreendemos a verdadeira força do coração! No sorriso inocente, puro e por vezes ingênuo, enxergamos a nueza da alma, a beleza da vida, a verdadeira vida!

Por ser mãe, já se é uma vitoriosa. Mas a mera vitória de ser mãe não lhe basta enquanto seus filhotes não abrem as asas e alçam voos para a vida. E se voam, sempre voltam, e sempre precisarão voltar!

As mães, essas sim deveriam ser intituladas santas. De uma santidade invisível aos olhos, mas percebidas nas batidas do coração, nos simples gestos de puro amor.

Que viva toda mãe, e que sejam todas felizes. Que uma mãe jamais veja a dor e morte de seu filho, pois neste está sua vida e seu amor.

Que nenhuma mãe chore de dor ou desespero. Que o Paizinho querido dê a cada mãe o pão que todo dia por Ele é dado. O pão material e principalmete o pão da vida, o pão vivo que desce do céu e alimenta a alma, farta-a e mata toda fome!

Que nenhuma mãe lute em vão, que seus sonhos não sejam despedaçados e que sua luz nunca se apague. E haja em cada uma a certeza de que valeu a pena cuidar da vida e investir dedicação ao humano, mesmo quando este irremediavelmente escolhe caminhos desumanos. Que nenhuma mãe sinta a dor da desumanidade, nem sofra a perda de seu tesouro!

Bendita seja a mãe que ama e que cuida, que tempera com amor e carinho todo sorriso insosso e tira alegria da mais profunda dor! Bendita e cheia de graça seja toda mãe!

Deus abençoe a todas as mães. Deus abençoe minha mãe e a guarde sobre Sua poderosa proteção!

À minha querida mãe!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Catástrofe no Japão, terremoto no Haiti, assassinatos e massacres no Brasil: Deus é culpado?

Um novo mundo, "admirável mundo novo" vivemos! Mundo das descobetas, do avanço tecnológico, da era digital, uma nova era que se atualiza/desatualiza tão depressa, se constrói e se destrói numa rapidez estonteante... As descobertas científicas e detenção de conhecimento se tornaram muito mais que mero previlégio humano, antes é necessário para sobrevivência nesse novo mundo cada vez mais competitivo e seletivo. Esse é o mundo de Darwin!

Mas nesse novo mundo vemos ainda muitas coisas velhas que insistem em se repetir. Mesmas catástrofes, doenças, mesmos fenômenos, antigos temores, continuação das descobertas, crescimento do conhecimento... O homem continua inventando coisas, e através das invenções e descobertas, consegue ver o universo longíquo, contempla as mais distantes estrelas, desce até as profundezas dos mares, desdobra as mais ínfimas partículas subatômicas, decifra a estrutura dos raios solares e a natureza da luz. Inventa máquinas sofisticadas que resolvem cálculos impossíveis a um mero mortal (paradoxalmente, essas invenções acabam por substituí-lo em suas atividades)...

Físicos, astrônomos e tantos outros tentam enxergar o aparente início de tudo que existe (ao que apelidou-se "big-bang"). E o homem não para apenas no estudo das leis do universo, ainda busca compreender a estrutura e comportamento das espécies, desde os animais mais simples que agem por instinto, até a natureza do comportamento humano, tão imprevisível, tão complexo, tão incompreensível, tão alheio às leis naturais.

Mas se já não é fácil comprender as leis da natureza, os seres vivos, plantas e animais, os homens... Como compreender Deus? Também tentamos entendê-lo e explicá-lo.

E a ciência, utilizando o método científico (método totalmente ateu, diga-se de passagem), tenta responder às mais intrigantes perguntas feitas pelo homem. Aquelas perguntas existenciais e essenciais que fazemos desde criança, e crescemos com elas sem resposta alguma. Porém, como pode a ciência responder a tais questões? Afinal, ciência é ciência, e como em toda boa ciência, não há espaço para respostas transcendentais à razão, ou lugar para propósito algum na vida (nem mesmo que se depare com tal constantemente!). Para a ciência não há espírito, não há alma, não há vida após a morte, não há bem, nem mal; apenas existe o resultado da evolução cega do DNA... Portanto não há Deus, nem coisa alguma que não se enxergue ou não se prove através de seu método! Assim, o homem massacra a natureza, a tortura em busca de suas respostas, fazendo a ela muitas vezes perguntas erradas, porém querendo obter respostas certas!

Como se a única forma de se chegar à verdade fosse através do método científico! Pobres mortais somos, cheios de certezas e incertezas, e também de grandes presunções! Homens das ciências que querem colocar o céu dentro de suas mentes... Enquanto muitos humildemente apenas desejam colocar seus pensamentos dentro do céu!

O fato é que apesar de todo avanço, o homem ainda sequer molhou os pés nos rios do verdadeiro conhecimento, nem superficialmente ele tocou nas questões que sempre fizeram parte da humanidade... Algumas perguntas permancem as mesmas desde o longínquo passado, e jamais foram respondidas pela ciência.

Como cantou Raul Seixas:

E as perguntas continuam
Sempre as mesmas
Quem eu sou?
Da onde venho?
E aonde vou dá?

E todo mundo explica tudo
Como a luz acende
Como um avião pode voar
Ao meu lado um dicionário
Cheio de palavras
Que eu sei que nunca vou usar

Mas por que escrevo tudo isso? Você deve se perguntar. Só quero deixar claro como o homem incessantemente busca por respostas, mas essas respostas, por maior que seja o seu conhecimento, permanecem ocultas... Talvez nem haja tais respostas, ou a natureza nunca esteve afim de respondê-las; se isso é verdade, tais perguntas nem devessem ser formuladas, ou, pelo menos, necessitam ser reformuladas (como fizeram os descobridores da física quântica)! Por que, quem ou que poderá nos certificar de que nossas perguntas estão corretas, afim de obtermos respostas certas?

Nesses dias de crises econômicas, mazelas e opressões, catástrofes, terremotos e tsunames, essas perguntas vêm à tona. E o mundo olha para os cristãos, para os seguidores e servos de Deus, desse Deus invisível, desconhecido e aparentemente totalmente alheio ao sofrimento humano. O mundo quer respostas, os cristãos também querem, os servos do Deus invisível almejam por uma voz, como voz de trovão, que paire dos céus e explique ao homem porque Deus não interfere para evitar tamanho mal. Então, eis a questão: como nos posicionamos diante dessa perigosa situação e dessas perguntas tão inquietantes e fundamentais?

Todos os que buscamos a verdade, não somente os cristãos, mas principalmente estes ou aqueles que de alguma forma crêem num Deus bondoso e poderoso devem se colocar de pé para dar à humanidade uma resposta, ou pelo menos um ponto de vista aceitável. Mas não apenas uma resposta lógica, pois o mal é, antes, um problema que fere os sentimentos, que aflige a alma; e afinal de contas, do que vale a lógica diante de tamanho sofrimento? Aliás, tem lógica alguma em tanto sofrimento? Poderia uma resposta lógica ser suficiente para não somente explicar males, mas também, e acima de tudo, confortar a alma do ser humano diante de suas perplexidades?

Pergunta-se agora, como em toda época de calamidade: Onde está Deus? Por que ele não faz nada para evitar tanto mal?

Escreveu o filósofo grego Epícuro de Samos (
341-270 a.C):

“Ou Deus quer abolir o mal, e não pode;
ou ele pode, mas não quer;
ou ele não pode e não quer.
Se ele quer, mas não pode, ele é impotente.
Se ele pode, e não quer, ele é cruel.
Mas se Deus tanto pode quanto quer abolir o mal, como pode haver maldade no mundo?”

Em outras palavras:

  • Se for onipotente e onisciente, então tem conhecimento de todo o Mal e poder para acabar com ele, ainda assim não o faz. Então Ele não é Bom.
  • Se for onipotente e benevolente, então tem poder para extinguir o Mal e quer fazê-lo, pois é Bom. Mas não o faz, pois não sabe o quanto Mal existe , e onde o Mal está. Então Ele não é onisciente.
  • Se for onisciente e Bom, então sabe de todo o Mal que existe e quer mudá-lo. Mas isso elimina a possibilidade de ser onipotente, pois se o fosse erradicava o Mal. E se Ele não pode erradicar o Mal, então porquê chamá-lo de Deus?
Se as perguntas são as mesmas, por vezes as possíveis respostas dadas pelo homem diante de suas perplexidades tem sido as mesmas: Ou Deus não existe, ou, se existe, Ele é mesmo muito mal e impotente, ou ainda, Ele fez o homem e o abandonou à mercê da sorte (e se estamos abandonados à própria sorte, então não houve planejamento, nem cuidado, ou qualquer responsabilidade com Sua criação).

Não me atreverei a dar respostas, pois de fato quem as terá? Quem conheceu o pensamento de Deus e compreendeu todos os seus propósitos? Quem entenderá seus motivos e quem estará à altura de questionar sua jusitiça?

O que sabemos, é que o mal nem sempre é uma "dádiva" divina; na verdade o homem muitas vezes cava o buraco de sua própria queda! Aqui no Brasil, os exemplos são infinitos... Começando pelas tragédias das chuvas que derrubam casas mal localizadas, passando pelos grandes desmatamentos, pela má destribuição de renda que provoca a fome de muitos e grande sobra para poucos. Damos ainda uma volta nos antros da política onde o maior destaque quase sempre é a corrupção; chegando então às precárias políticas de reforma agrária, que faz do campo lugar de poucos; e sendo que dentro das cidades parece não haver espaço para todos construírem suas casas e muitos se abrigam ao ar livre! Assim, vendo deste anglo não dá pra dizer que fomos abandonados por Deus, nós é que nos abandonamos! Ou será que Deus descerá do céu para alimentar o pobre, quando ele já deixou tanta comida disponível! O problema é de Deus ou do homem que toma o pão que alimenta seu semelhante?

É sabido também que alguns lugares do planeta são inadequados para sobevivência humana. Inclui-se aí as áreas próximas a vulcões que sem aviso se despertam para o terror daqueles que se aproveitam de suas férteis redondezas. Aparentemente desavisado o homem segue assim... E o que dizer das mudanças climáticas provocadas diretamente pela interferência humana ou da extinção de espécie claramente massacradas pelo homem?

É óbvio que essas poucas palavras não são suficientes (nem pretendem ser) para explicar as tragédias, nem tampouco para confortar as almas humanas. Propositalmente, não irei escrever longo texto explicando localizações geográficas, placas tectônicas ou pesquisas sociológicas; pois para mim, e creio que para todo discípulo de Cristo, as respostas já foram dadas, aquelas muitas descritas pelo Mestre, das quais seguem algumas:

E haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; e sobre a terra haverá angústia das nações em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas.
Os homens desfalecerão de terror, e pela expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto os poderes do céu serão abalados.
Então verão vir o Filho do homem em uma nuvem, com poder e grande glória. (Lc. 21:25-27)


E ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; olhai não vos perturbeis; porque forçoso é que assim aconteça; mas ainda não é o fim.
Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá fomes e terremotos em vários lugares.
Mas todas essas coisas são o princípio das dores.
Então sereis entregues à tortura, e vos matarão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome.
Nesse tempo muitos hão de se escandalizar, e trair-se uns aos outros, e mutuamente se odiarão.
Igualmente hão de surgir muitos falsos profetas, e enganarão a muitos; e, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.
Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo.
E este evangelho do reino será pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim. (Mt. 24:6-14)


Quando ouvirdes de guerras e tumultos, não vos assusteis; pois é necessário que primeiro aconteçam essas coisas; mas o fim não será logo.
Então lhes disse: Levantar-se-á nação contra nação, e reino contra reino; e haverá em vários lugares grandes terremotos, e pestes e fomes; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu. (Lc 21:9-11)


Porque haverá então uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá.
E se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias. (Mt. 24:21-22)

Essas são as respostas a serem dadas pelos discípulos de Cristo, e creia nelas quem quiser! Quem tiver ouvidos ouça essas palavras! Deixemos, portanto, a resposta final Àquele que é soberano e trata o homem com reta justiça. Sua supremacia será sempre mantida; e queira ou não o homem, Ele tem poder para tirar um bem do mal!

Mesmo sem luz, continuamos a crer com o coração partido, porque estamos convencidos de que o caos e a tragédia não podem ter a última palavra. Deus é tão poderoso que pode tirar um bem do mal. Apenas não sabemos como. Esperançosos, fazemos uma aposta nesta possibilidade que não deixa nossas lágrima serem vãs. Ademais, cremos que Deus pode ser aquilo que nós não compreendemos. Acima da razão que quer explicações, há o mistério que pede silêncio e reverência. Ele esconde o sentido secreto de todos os eventos também daqueles trágicos. (Leonardo Boff - Lamento junto a Deus pelo Haiti)

Segue abaixo texto completo de Leonardo Boff, onde fala sobre o desastre no Haiti:


Lamento junto a Deus pelo Haiti

Há uma via-sacra de sofrimento com estações que nunca acabam no pequeno e pobre pais do Haiti. Sofrimento no corpo, na alma, no coração, na mente assaltada por fantasmas de pânico e de morte. Há também muito sofrimento em todos os humanos que não perderam o senso mínimo de humanidade e de solidariedade. Desta com-paixão universal nasce uma misteriosa comunidade que anula as diferenças, as religiões, as ideologias que antes nos separavam e até nos dividam. Agora só conta a comum humanitas absurdamente maltratada e que deve ser socorrida.

Em cada haitiano que sofre soterrado ou que morre de sede e de fome, morremos um pouco também todos nós junto com eles. Finalmente somos irmãos e irmãs da única e mesma família humana. Como não sofrer?

Mas há também um sofrimento profundo e dilacerante nas pessoas de fé que proclamam que Deus é Pai e Mãe de bondade e de amor. Como continuar a crer? Queixosos nos perguntamos: "Deus, onde estavas quando se formou aquele tremor raso que dizimou os teus filhos e filhas mais pobres e sofridos de todo o extremo Ocidente? Por que não intervieste? Não és o Criador da Terra com seus continentes e suas placas tectônicas? Não és Pai e Mãe de ternura, especialmente, daqueles que são como teu Filho Jesus os injustamente crucificados da história? Por que"?

Este silêncio de Deus é aterrador porque ele simplesmente não tem resposta. Por mais que gênios como Jó, Buda, Santo Agostinho, Tomás de Aquino, Leibniz e outros tivessem arquitetado argumentos para isentar Deus e esclarecer a dor, nem por isso a dor desaparece e a tragédia deixa de existir. A compreensão da dor não suspende a dor, assim como ouvir receitas culinárias não faz matar a fome.

O próprio Jesus não foi poupado da angústia do sofrimento. Do alto da cruz lançou um brado lancinante ao céu, queixando-se:"Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste"?

Damos razão a Jó, irritado com seus "amigos" que lhe queriam explicar o sentido de sua dor:"Vós não sois senão charlatães, não sois senão médicos de mentira; se ao menos vos calásseis, os homens tomar-vos-iam por sábios". Mas não podemos calar. A dor é demasiada e a noite, tenebrosa. Precisamos de alguma luz.

Mesmo sem luz, continuamos a crer com o coração partido, porque estamos convencidos de que o caos e a tragédia não podem ter a última palavra. Deus é tão poderoso que pode tirar um bem do mal. Apenas não sabemos como. Esperançosos, fazemos uma aposta nesta possibilidade que não deixa nossas lágrima serem vãs. Ademais, cremos que Deus pode ser aquilo que nós não compreendemos. Acima da razão que quer explicações, há o mistério que pede silêncio e reverência. Ele esconde o sentido secreto de todos os eventos também daqueles trágicos.

Identifico-me com o poema de um grande argentino que perdeu um filho na repressão militar: Juan Gelman:

"Pai, desce do céus, esqueci as orações que me ensinou minha avó, pobrezinha, ela agora repousa, não tem mais que lavar, limpar, não tem mais que preocupar-se, andando o dia todo atrás da roupa, não tem mais que velar de noite, penosamente, rezar, pedir-te coisas, resmungando docemente".

"Pai, desce dos céus, se estás, desce, então, pois morro de fome nesta esquina, não sei para que serve haver nascido, olho as mãos inchadas, não tem trabalho, não tem, desce um pouco, contempla isto que sou, este sapato roto, esta angústia, este estômago vazio, esta cidade sem pão para meus dentes, a febre, cavando-me a carne, este dormir assim, sob a chuva, castigado pelo frio, perseguido".

"Te digo que não entendo, Pai, desce, toca-me a alma, toca-me o coração, eu não roubei, nem assassinei, fui criança e em troca me golpeiam e golpeiam, te digo que não entendo, Pai, desce, se estás, pois busco resignação em mim e não tenho e vou encher-me de raiva e estou disposto a brigar e vou gritar até estourar o pescoço de sangue, porque não posso mais, tenho rins, e sou um homem, desce".

"Que fizeram de tua criatura, Pai? Um animal furioso que mastiga a pedra da rua? Pai, desce".

Que o Pai desça sobre os haitianos com seu amor.

http://www.leonardoboff.com/site/vista/2010/jan29.htm


Para finalizar, algumas palavras de conforto deixadas pelo nosso Senhor Jesus a todos os seus discípulos:

Ora, quando essas coisas começarem a acontecer, exultai e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção se aproxima. (Lc. 21:28)


Assim também vós, quando virdes acontecerem estas coisas, sabei que o reino de Deus está próximo. (Lc. 21:31)

quinta-feira, 17 de março de 2011

É urgente rever os fundamentos

A conjugação das várias crises, algumas conjunturais e outras sistêmicas, obriga a todos a trabalhar em duas frentes: uma intrasistêmica buscando soluções imediatas dos problemas para salvar vidas, garantir o trabalho e a produção e evitar o colapso. Outra transsistêmica, fazendo uma crítica rigorosa aos fundamentos teóricos que nos levaram ao atual caos e trabalhar sobre outros fundamentos que propiciem uma alternativa que permita, num outro nivel, a continuidade do projeto planetário humano.

Cada época histórica precisa de um mito que congregue pessoas, galvanize forças e confira novo rumo à história. O mito fundador da modernidade reside na razão, desde os gregos, o eixo estruturador da sociedade. Ela cria a ciência, transforma-a em técnica de intervenção na natureza e se propõe dominar todas as suas forças. Para isso, segundo Francis Bacon, o fundador de método científico, deve-se torturar a natureza até que entregue todos os seus segredos. Essa razão crê num progresso ilimitado e cria uma sociedade que se quer autônoma, de ordem e progresso. A razão suscitava a pretensão de tudo prever, tudo gerir, tudo controlar, tudo organizar e tudo criar. Ela ocupou todos os espaços. Enviou ao limbo outras formas de conhecimento.

Eis que, depois de mais de trezentos anos de exaltação da razão, assistimos a loucura da razão. Pois só uma razão enlouquecida organiza a sociedade na qual 20% da população mundial detém 80% de toda riqueza da Terra; as três pessoas mais ricas do mundo possuem ativos superiores à toda riqueza de 48 paises mais pobres onde vivem 600 milhões de pessoas; 257 indivíduos sozinhos acumulam mais riqueza do que 2,8 bilhões de pessoas, o equivalente a 45% da humanidade; no Brasil 5 mil famílias detém 46% da riqueza nacional. A insanidade da razão produtivista e consumista gerou o aquecimento global que trará desiquilíbrios já visíveis e a dizimação de milhares de espécies, inclusive a humana.

A ditadura da razão criou a sociedade da mercadoria com sua cultura típica, um certo modo de viver, de produzir, de consumir, de fazer ciência, de educar, de ensinar e de moldar as subjetividades coletivas. Estas devem se afinar à sua dinâmica e valores, procurando sempre maximalizar os ganhos, mediante a mercantilização de tudo. Ora, essa cultura, dita moderna, capitalista, burguesa, ocidental e hoje globalizada entrou em crise. Ela se expressa nas várias crises atuais que são todas expressão de uma única crise, a dos fundamentos. Não se trata de abdicar da razão, mas de combater sua arrogância (hybris) e de criticar seu estreitamento na capacidade de comprender. O que a razão mais precisa neste momento é de ser urgentemente completada pela razão sensível (M.Maffesoli), pela inteligência emocional (D.Goleman), pela razão cordial (A. Cortina), pela educação dos sentidos (J.F.Duarte Jr), pela ciência com consciência (E. Morin), pela inteligência espiritual (D. Zohar), pelo concern (R.Winnicott) e pelo cuidado como eu mesmo venho propondo há tempos.

É o sentir profundo (pathos) que nos faz escutar o grito da Terra e o clamor canino de milhões de famélicos. Não é a razão fria mas a razão sensível que move as pessoas para tira-las da cruz e faze-las viver. Por isso, é urgente submeter à crítica o modelo de ciência dominante, impugnar radicalmente as aplicações que se fazem dela mais em função do lucro do que da vida, desmascarar o modelo de desenvolvimento atual que é insustentável por ser altamente depredador e injusto.

A sensibilidade, a cordialidade, o cuidado levados a todo os níveis, para com a natureza, nas relações sociais e na vida cotidiana, podem fundar, junto com a razão, uma utopia que podemos tocar com as mãos porque imediatamente praticável. Estes são os fundamentos do nascente paradigma civilizatório que nos dá vida e esperança.

Leonardo Boff
http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=1839

Divina Dádiva