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Dádiva da Adoração a Deus

Adorar a Deus é um gesto simples, mesmo que muitas vezes não seja tão fácil assim, pelo menos quando se refere à verdadeira adoração que é feita alegremente, espontaneamente e em plena sinceridade de coração. Pois, apesar de simples, historicamente a humanidade sempre encontrou grandes dificuldades em oferecer a Deus verdadeira e exclusiva adoração. Continue lendo...

quinta-feira, 4 de maio de 2017

“Não leva, não, por favor, eu não tenho nada”

Por Revista Pazes - maio 4, 2017


Ontem o jornalista Marcos Hermanson postou em sua conta pessoal no Facebook um vídeo que nos mostra o quanto a frieza e a desumanização tem dado o norte dos nossos dias.

Fica aqui um convite, coloque-se no lugar desse senhor agredido e humilhado, mas também coloque-se no lugar desses policiais… O primeiro nos faz sentir a dor da humilhação. Estes últimos, a dor do vazio. O vazio de uma vida de extrema pobreza existencial, onde o sustento é provido (neste caso) de uma atividade desumana e desonrosa.

Abaixo, o texto postado e o vídeo compartilhado.


“Ontem a temperatura mínima na cidade de São Paulo foi 16 graus.
Não foi um sono difícil, entretanto. Tenho em casa colchão, cobertores e um fogão que me esquenta a barriga antes de deitar. Tenho paredes à minha volta que impedem o vento gelado de me castigar durante a noite. Tenho o suficiente para garantir a sobrevivência de um ser humano com o mínimo de dignidade.
Hoje, uma quarta-feira de todos os santos, sai de casa bem encasacado. Subi a escadaria e caminhei pelo pequeno terminal de ônibus do bairro. Desci por uma das entradas do metrô Conceição e sai pelo outro lado, evitando a avenida caótica e barulhenta que corre acima dos trens.

Impelido pelo desejo de começar o dia com uma coxinha ou um pastel, eu caminhava até o Praça São Paulo quando de repente avistei uma das “limpezas” periódicas praticadas pela prefeitura.

Alguns agentes da Guarda Metropolitana – a GCM – tentavam remover os poucos pertences de um morador de rua: um colchão, alguns cobertores e um carrinho de supermercado, cuja nota fiscal o sujeito foi incapaz de apresentar, vejam bem.

Não pretendo me estender aqui, porque o vídeo fala mais do que qualquer coisa que eu tenho capacidade de escrever.

Mas como é triste viver numa sociedade que coloca um trabalhador pra reprimir seu camarada, tirar dele o pouco que tem e deixá-lo numa situação pior ainda do que a pobreza repugnante na qual se encontrava antes.
Acima de tudo, uma sociedade que gera tanta mas tanta miséria apenas para que encontre depois, como solução, criminalizá-la.

Vem aí o inverno. A mínima de hoje é de 15 graus.”Marcos Hermanson

Resenha de EHRMAN, Bart D. O que Jesus Disse? O que Jesus Não Disse? Quem Mudou a Bíblia e Por Quê. São Paulo: Prestígio, 2006. 245 p

Resenha
EHRMAN, Bart D. O que Jesus Disse? O que Jesus Não Disse? Quem Mudou a Bíblia e Por Quê. São Paulo: Prestígio, 2006. 245 p

ehrman

 


Na última década, vimos o surgimento de um movimento fortemente antiteísta, que veio a ser denominado por neoateísmo e conhecido pelas suas mordazes críticas a toda religião, em especial ao cristianismo. Christopher Hitchens, Daniel Dennett, Richard Dawkins e Sam Harris são quatro dos principais “evangelistas” do movimento. Na esteira dessa empreitada, surge Bart D. Ehrman. À diferença dos demais, Ehrman é um especialista naquilo que é alvo de seus ataques. Ph.D em teologia pela Universidade de Princeton, ele é um dos principais especialistas em crítica textual do Novo Testamento dos nossos dias. Usando de toda sua bagagem teórica e indiscutível autoridade acadêmica, ele nos tenta mostrar que o Novo Testamento tal como nós o temos hoje não é textualmente confiável, por ter sido vítima, supostamente, de milhares de alterações voluntárias e involuntárias nas mãos dos copistas ao longo dos séculos. Daí o título provocador de seu livro, que insinua logo de cara que, digamos, nem tudo que Jesus disse foi, de fato, dito por ele.

domingo, 5 de junho de 2016

ISAÍAS 58




Não consigo negar que Isaías 58 é um dos textos da bíblia que mais amo e que mais me chama a atenção. Talvez, penso eu, que seja por conta da profunda admiração que tenho pelo profetismo veterotestamentário e pelas suas influências em minha vida. Talvez pela forte influência que a matéria de diaconia teve sobre mim na academia. Talvez pela admiração e respeito pela teologia da libertação e total apoio a teologia da missão integral. E quem sabe Deus, até pela posição politica que flerta com a centro-esquerda. Seja pelo que for... Amo a denúncia de injustiça social dos profetas do antigo testamento e em especial este texto do profeta Isaías. Nele Deus conclama a Isaías a falar a seu povo sobre as suas transgressões e pecados. Não é outro povo! Não são os “descrentes e mundanos”! É o seu povo... A casa de Jacó! Nada mais nada menos que “O grande povo de Deus”.

O começo do texto é no mínimo irônico: “Todavia me procuram cada dia, tomam prazer em saber os meus caminhos, como um povo que pratica justiça, e não deixa o direito do seu Deus; perguntam-me pelos direitos da justiça, e têm prazer em se chegarem a Deus – Verso 2”. Perguntaríamos... O que há de errado com este povo? Será que Deus não errou de destinatário? Esta mensagem não é para os mundanos? Não seria para a Assíria, Babilônia ou Egito? E a resposta é NÃO! Assim como o “estou a porta e bato” refere-se a igreja, Isaías 58 é para a casa de Jacó e por extensão diz respeito a nós.

As denúncias de Deus através de Isaías envolviam:

“Me procuram a cada dia. Tem prazer em saber meus caminhos” - Eles liam muito a bíblia e esta nada falava a eles. “Como um povo que pratica justiça, e não deixa o direito do seu Deus” - Pareciam ser justos, mais o eram tanto quanto os fariseus que lá na frente arrotavam a mesma suposta “justiça” religiosa. Sempre estavam a par constantemente perguntando-se o que era justo e reto: Mas nem de longe praticavam a justiça requerida pelo Eterno.

A grande denúncia de Deus é contra o jejum que simbolizava as práticas religiosas do povo.

Eles não entendiam porque Deus não os ouvia por meio de seus jejuns. Achavam que a prática religiosa deveria obrigar a Deus os ouvir. Oravam de madrugada, não perdiam um culto, sacrificavam metodologicamente. O que estava então errado?

A Bíblia “A mensagem” diz que a razão do jejum era o lucro e que este era conquistado oprimindo os empregados. A prática era tão coerente quanto pregar contra a pobreza em uma comunidade pobre com um relógio de ouro maciço no pulso. Deus não esta proibindo o jejum... Está apontando os falhos e diabólicos motivos que aquela comunidade tinha de praticá-lo. Não raramente transformamos o divino em diabólico. É a intencionalidade do coração que irá apontar se adoramos a Deus ou a Satanás. A linha sempre é tênue!

Outra denúncia acerca do Jejum era o de que ao mesmo tempo em que jejuavam, eles se enfrentavam aos socos e pontapés. A intenção do jejum era a de esconder suas verdadeiras naturezas. O profeta denuncia enfaticamente que este jejum não passará do teto!

Que jejum então Deus se agrada? O próprio responde:

- Soltar as ligaduras da impiedade.
A palavra impiedade não só tem a ver com aqueles que desprezam o divino, mas também com desumanidade e crueldade. No contexto da casa de Jacó a denúncia é de que eram religiosos, mas mesmo assim “ímpios” e desumanos. No entanto, a proposta do evangelho é sempre humanitária, é sempre de nos tornar verdadeiros seres humanos como Jesus e não bonecos de pano como Adão.

- Desatar as amarras do jugo.
Jugo é o que os nordestinos chamam de canga de boi. É não colocar nas costas de outrem o que não se suporta sobre as próprias.

Enfim: Dar liberdade aos oprimidos – Justiça e inclusão Social – Atentar aos invisíveis da sociedade.

ISAÍAS ESTÁ DIZENDO: “QUEBREM OS JUGOS!”. Deixem livres os miseráveis.

- Repartir o pão com o faminto e acolher os necessitados.
A marca essencial do cristão é a partilha. Nada mais diabólico que o individualismo. Vivemos em uma sociedade cada vez mais individualizada, onde “farinha pouca, meu pirão primeiro”, onde “cada um por si e Deus por todos”. Conseguimos estar juntos, como na marcha para Jesus, ao mesmo tempo em que negligenciamos a dor e o cuidado ao outro. Penso que marcha para Jesus é pão na mesa do pobre e justiça social. Dietrich Bonhoeffer dizia que “A igreja só é Igreja se existe para os outros”. Madre Tereza afirmava que “Mãos que servem são mais santas que lábios que rezam”. Para que as palavras “Tive fome e não me deste o que comer” não caiam sobre nós!

Então, diz o profeta, “Romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor será a tua retaguarda. Então clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar iniquamente; e se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita; então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia.

sábado, 26 de março de 2016

Meia Hora Programa 59 - João Alexandre, Guilherme Kerr e Nelson Bomilcar

O melhor da música cristã. Sem ídolos gospel, sem animadores de púlpitos, sem shows de entretenimento que suprime a pregação da mensagem da Graça... Somente adoração ao Eterno.



João Alexandre - Ao Sentir

quinta-feira, 3 de março de 2016

Apostolo Agenor Duque Amaldiçoando os cristãos

Esse é o espetáculo do palco gospel. Deus tenha misericórdia dessa alma!





terça-feira, 1 de março de 2016

O Deus do Velho e do Novo Testamento são iguais?

Deus é Plural


Estava hoje pensando no porque de Deus ter escolhido Israel, dentre todas as nações da terra como seu povo “escolhido”. Por que Israel? Uma pequena tribo nômade do Crescente Fértil. “Dois pequenos rebanhos de cabras”, como bem diz I Reis 20:27.

Enquanto meditava a este respeito, comecei a lembrar dos povos que subjugaram Israel. Como um estalo de luz, uma das mais diversas respostas que poderíamos ter, uma veio-me ao coração...

Pois bem, Israel foi subjugado pelos Cananeus, Filisteus e vários outros povos que habitavam a região na Idade do Ferro; depois pelo Egito no século XV a.C, pela Assíria em 722 a.C, Babilônia de 604 a 586 a.C, Império Persa em 539 a 538 a.C (Ciro), Macedônia de 333 a 323 a.C, Ptolomeus de 323 a 198 a.C, Selêucidas de 198 a 166 a.C, Asmoneus 166 a 63 a.C e a partir de 63 a.C pelo grande Império Romano, sendo conquistada por Pompeu. Não esquecendo também dos povos árabes.

Pensando nesta longa trajetória, comecei a meditar sobre o quanto Israel assimilou destes povos. Assimilou cultura, religiosidade, valores éticos e morais, costumes, lendas, ritos e mitos e as tradições de cada povo. Notei que Israel tem um pouquinho de cada povo, um pouquinho do Egito, um pouquinho da Babilônia, um pouquinho da Assíria e assim por diante... E este fato me fez pensar que isto é sem dúvida um daqueles propósitos divinos que não compreendemos muito bem. Este fato me faz pensar que há uma estratégia divina em tudo isso, há uma espécie de teleologia. E se Israel é plural... Se é o pequeno povo escolhido de Deus... Isto é porque DEUS TAMBÉM É PLURAL.

Nós temos uma incrível dificuldade de pensar na pluralidade divina, mesmo quando um dos nossos dogmas, a trindade, nos aponta este caminho com tanta nitidez. Nosso exclusivismo, nossa xenofobia, nosso etnocentrismo, nossas cavernas platônicas nos impedem de ver a pluralidade divina. Chegamos a pensar até que Deus seja cristão, mais não é... Talvez, ou quem sabe com certeza, as leituras que tenho feito de Desmond Tutu influenciem muito este texto. No entanto, sempre acreditei que o Messias não pode ser exclusividade minha, como um produto qualquer que possuo. Ele morreu FORA dos portões da cidade.

Só com uma mentalidade inclusivista é que consigo respeitar a religião e tudo mais do outro. Mesmo não concordando com o pensar, o respeito é a base daquele que pensa a diversidade na unidade. Ninguém nasce sabendo nada. A fala, os gestos e todos os aprendizados são passados dos outros seres humanos para aqueles que adentram a esfera do mundo.

Fecho citando uma das mais lindas palavras e com mais carregada de significados de certa língua Africana; O “Ubuntu”, que carrega o conceito de que uma pessoa só é uma pessoa por intermédio de outras pessoas. Somo-nos seres plurais e só nos tornamos gente na interação, comunicação e troca com os outros seres humanos... Isto é diversidade, isto é pluralidade e isto é inclusivismo. Não deixo de ser quem sou! Mas tenho consciência que só o sou por causa do outro.

Novo megatemplo ilustra disputa de igrejas em SP para 'mostrar poder'

Mais um megatemplo em construção em São Paulo; dessa vez é o da Igreja Internacional da Graça de Deus, do missionário RR Soares (cunhado do bispo Edir Macedo). O Templo da Graça terá 68 mil m².

Outros megatemplos já construídos em São Paulo, a Meca brasileira:

- Cidade Mundial dos Sonhos de Deus, da Igreja Mundial do Poder de Deus, com capacidade para 150 mil pessoas em um espaço de 240 mil m².


- Basílica de Nossa Senhora Aparecida, com área de 1,3 milhão de m², sendo 143 mil m² de área construída. A área interna abriga 30 mil pessoas. A capacidade na área externa é de 300 mil.


- Templo de Salomão, da Igreja Universal do Reino de Deus. Tem 74 mil m² de área construída e altura equivalente a um prédio de 18 andares. Abriga confortavelmente 10 mil pessoas sentadas.


- Templo da Glória de Deus, da Igreja Pentecostal Deus é Amor. Tem capacidade para 60 mil pessoas.


- Santuário Theotokos - Mãe de Deus, idealizado pelo padre Marcelo Rossi tem capacidade para 100 mil fiéis em um terreno de 20 mil m².


"Vemos algo bem diferente do antigo cristianismo tradicional, que pregava como prioridade o sacrifício, o amor ao próximo. Hoje, os fiéis buscam autoajuda, quer ser rico agora, então ele não quer mais a pequena comunidade. Se o cara está falando que você vai ficar rico, é incoerente ele ter uma igrejinha. Se o pastor quer mostrar que o poder dele é real, ele vai continuar construindo coisas extravagantes.

Na Antiguidade, grandes templos eram sinal de poder e autoridade. Hoje, é uma competição. No contexto de São Paulo, é uma questão de mercado porque é uma cidade rica e tem de tudo" (Rodrigo Franklin, professor de pós-graduação em ciências da religião no Mackenzie).


Leia a reportagem da BBC:

Novo megatemplo ilustra disputa de igrejas em SP para 'mostrar poder'
Felipe Souza

Da BBC Brasil em São Paulo

29 fevereiro 2016 



Caminhões retiram terra de terreno para Templo da Graça no Bom Retiro (em cima); Templo de Salomão (embaixo à esq) e Santuário de Aparecida (à dir) estão entre megatemplos de SP


Caminhões passam o dia tirando terra de um terreno de 29 mil m² - o equivalente a três campos de futebol - na marginal Tietê, uma das principais artérias do trânsito de São Paulo. As dimensões da obra lembram a construção de um estádio de futebol, mas trata-se de mais um templo religioso de grandes dimensões na capital paulista.

O Templo da Graça, da Igreja Internacional da Graça de Deus, no Bom Retiro (na região central), terá capacidade para 10 mil pessoas sentadas, a mesma do Templo de Salomão, inaugurado pela igreja Universal em 2014 no Brás, também no centro. A igreja da Graça é liderada por Romildo Ribeiro Soares, conhecido como Missionário RR Soares, e cunhado do bispo Edir Macedo - líder da Universal.

"Vamos fazer uma coisa bonita, para a glória de Deus", disse RR Soares durante um programa no qual anunciou o início da megaobra. O lançamento da pedra fundamental da construção contou com a presença de figuras importantes da igreja e políticos, como o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB).

O projeto para a construção demorou oito anos para ser aprovado e pegou de surpresa até mesmo membros da alta cúpula da atual gestão da prefeitura, que desconheciam o início da obra, aprovada por técnicos.

O Estado de São Paulo já tem ao menos outras cinco megaconstruções religiosas (veja lista abaixo), como o santuário católico Theotokos - Mãe de Deus, idealizado pelo padre Marcelo Rossi e projetado pelo arquiteto Ruy Ohtake, com capacidade para até 100 mil pessoas em Interlagos (zona sul) - e a Cidade da Glória de Deus, em Guarulhos (Grande SP), que comporta até 150 mil fiéis.


Disputa


O professor titular de ciências da religião da PUC-SP Jorge Claudio Ribeiro disse que as igrejas constroem megatemplos para ganhar mais credibilidade.


Igreja da Graça começa a construção de um megatemplo para 10 mil pessoas em São Paulo


"Um vai imitando o outro dentro desse campo religioso para não ser visto como uma liderança de segunda classe. Se uma religião tem um templo, a outra quer um também. O mesmo acontece se uma delas tem espaço na televisão, filme, novela, etc", afirmou.

Se o cara está falando que você vai ficar rico, é incoerente ele ter uma igrejinha

Rodrigo Franklin, professor de pós-graduação em ciências da religião no Mackenzie

Ribeiro aponta que São Paulo tem muitos megatemplos porque há público para enchê-los. Para ele, isso demonstra uma disputa entre as igrejas para provar ao seu público quem tem mais poder - e tem o efeito de transformar a capital paulista em um ponto de turismo religioso.

A inspiração para o gigantismo dos templos vem, segundo Ribeiro, da própria Igreja Católica.

"O catolicismo fez isso durante milênios, com a basílica de São Pedro, o barroco. Os evangélicos do século 21 estão aprendendo com os católicos porque viram que aquela foi uma experiência mais bem-sucedida. Outros exemplos disso são a Marcha para Cristo, imitando as procissões", disse.

Para o professor de pós-graduação em ciências da religião no Mackenzie, Rodrigo Franklin, essas obras demonstram uma mercantilização da fé.

"Vemos algo bem diferente do antigo cristianismo tradicional, que pregava como prioridade o sacrifício, o amor ao próximo. Hoje, os fiéis buscam autoajuda, quer ser rico agora, então ele não quer mais a pequena comunidade. Se o cara está falando que você vai ficar rico, é incoerente ele ter uma igrejinha. Se o pastor quer mostrar que o poder dele é real, ele vai continuar construindo coisas extravagantes", afirmou Franklin.

Segundo Franklin, construir templos cada vez maiores é uma tendência mundial, na qual se destacam o Brasil e os Estados Unidos. "Na Antiguidade, grandes templos eram sinal de poder e autoridade. Hoje, é uma competição. No contexto de São Paulo, é uma questão de mercado porque é uma cidade rica e tem de tudo", disse.


Obras do novo mega-templo de São Paulo podem ser acompanhadas ao vivo pelo site da Igreja da Graça


Para ele, essa "disputa" é uma forma de ostentar e mostrar o poder de cada líder religioso, já que "eles estão competindo pelo mesmo público".
Estrutura

O projeto aprovado pela Prefeitura de São Paulo prevê uma área construída total do Templo da Graça de 68 mil m². Serão dois prédios: um de quatro andares com dois subsolos e outro de nove andares com dois subsolos, onde está prevista a construção de um templo e um edifício-garagem.

O novo centro religioso ainda terá um anfiteatro, heliponto, sala para crianças e locais destinados para casamentos e batismos. A BBC Brasil apurou, porém, que a Igreja Internacional da Graça de Deus enviou um pedido à prefeitura para fazer uma alteração no projeto do prédio onde está previsto um estacionamento.

A reportagem não teve acesso às alterações que a igreja pretende fazer no local. O pedido ainda está em análise pela área técnica da administração municipal.

Assim como os últimos grandes estádios construídos na capital paulista, o Allianz Parque e a Arena Corinthians, o Templo da Graça tem uma câmera ligada na frente do terreno para que os fiéis possam acompanhar a evolução da obra.

Tudo pode ser acompanhado, durante o período em que a luz do dia ilumina o terreno, pelo site do Templo da Graça. Não há a informação de quanto a obra vai custar nem qual a previsão para ser inaugurada.

Procurado, RR Soares negou os pedidos de entrevista da BBC Brasil e disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que "ainda não é tempo de falar sobre o templo". Representantes da Rogui Engenharia, responsável pela construção, também se negaram a falar com a reportagem.


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Megatemplos do Estado de São Paulo:

Cidade Mundial dos Sonhos de Deus

Inaugurado em 2011 em Guarulhos, na Grande São Paulo, o megatemplo da Igreja Mundial do Poder de Deus está entre os maiores do mundo, com capacidade para 150 mil pessoas em um espaço de 240 mil m².

Uma programação de 24 horas de transmissão de cada uma das principais reuniões, além de programas, notícias e entretenimento diferenciado, propagam a mensagem do Evangelho não apenas dentro do território nacional, mas também em outros países, onde o trabalho ministerial se encontra presente.

Basílica de Nossa Senhora Aparecida



Área interna da basílica de Aparecida abriga 30 mil pessoas; capacidade para celebrações na área externa é de 300 mil (Foto Marcelo Camargo/Abr)


Localizada na cidade de Aparecida, a 180 km da capital paulista, a Basílica de Nossa Senhora Aparecida recebe mais de 12 milhões de pessoas por ano. O principal ponto brasileiro de peregrinação católica tem uma área de 1,3 milhão de m², sendo 143 mil m² de área construída.

A área interna da basílica abriga 30 mil pessoas. A capacidade para as celebrações na área externa é de 300 mil.

O local ainda possui um estacionamento com mais de 6.000 vagas, sendo 2.000 delas apenas para ônibus e 3.000 para carros. Há ainda um centro de compras com 380 lojas.
Templo de Salomão


Image caption Construção de Templo de Salomão tem 74 mil m² de área construída e altura equivalente a um prédio de 18 andares


A mais nova grande construção religiosa de São Paulo, o Templo de Salomão, foi erguido pela Igreja Universal do Reino de Deus por R$ 680 milhões. A construção tem 74 mil m² de área construída e altura equivalente a um prédio de 18 andares.

O templo é uma réplica do que foi destruído em Jerusalém há mais de 2.000 anos. Sua inauguração teve a presença da presidente Dilma Rousseff (PT).

Templo da Glória de Deus

Inaugurado no primeiro dia de 2004, o templo localizado na avenida do Estado, no centro de São Paulo, tem capacidade para 60 mil pessoas. O prédio, comprado por R$ 200 milhões à época pela Igreja Pentecostal Deus é Amor, passou por uma reforma nos últimos anos.

Fundada em 1962, atualmente há 22 mil igrejas Deus é Amor no Brasil, além de unidades em outros 136 países.

Santuário Theotokos - Mãe de Deus

Projetado pelo arquiteto Ruy Ohtake, o santuário idealizado pelo padre Marcelo Rossi tem capacidade para 100 mil fiéis em um terreno de 20 mil metros quadrados em Interlagos, na zona sul de São Paulo.

O santuário tem 500 banheiros e 2.000 vagas de estacionamento.

Fonte: BBC Brasil

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Guerra Santa - Gilberto Gil

Os salvadores profissionais estão sempre em ação no Brasil, e tem muita gente fazendo doação para ser levado ao céu pelo bom ladrão, como diz a música "Guerra Santa" de Gilberto Gil:

Ele diz que tem, que tem como abrir o portão do céu
ele promete a salvação
ele chuta a imagem da santa, fica louco-pinel
mas não rasga dinheiro, não

Ele diz que faz, que faz tudo isso em nome de Deus
como um Papa na inquisição
nem se lembra do horror da noite de São Bartolomeu
não, não lembra de nada não

Não lembra de nada, é louco
mas não rasga dinheiro
promete a mansão no paraíso
contanto, que você pague primeiro
que você primeiro pague dinheiro
dê sua doação, e entre no céu
levado pelo bom ladrão

Ele pensa que faz do amor sua profissão de fé
só que faz da fé profissão
aliás em matéria de vender paz, amor e axé
ele não está sozinho não

Eu até compreendo os salvadores profissionais
sua feira de ilusões
só que o bom barraqueiro que quer vender seu peixe em paz
deixa o outro vender limões

Um vende limões, o outro
vende o peixe que quer
o nome de Deus pode ser Oxalá
Jeová, Tupã, Jesus, Maomé
Maomé, Jesus, Tupã, Jeová
Oxalá e tantos mais
sons diferentes, sim, para sonhos iguais

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Falar de Jesus falando de você.

Falar de Jesus falando de você. Levando pessoas a crerem no evangelho sem falar de Jesus, porque falar sobre Jesus na atualidade é interpretado como falar de religião. Infelizmente, entender o evangelho como religiosidade é a maléfica herança que o sistema religioso deixou para nossos dias.



domingo, 7 de fevereiro de 2016

Aviso aos incautos, ou melhor, a guerra santa do "Reino de Deus" disputando fiéis na Terra

Antes dos escândalos ocorridos com o bispo da Igreja Mundial, Valdomiro, divulgados pela Rede Record, algumas atitudes destes bispos já chamavam minha atenção. Era justamente os bastidores da briga por fiéis duelada entre Valdomiro e Edir Macedo que deixava claro a mim como o interesse desses homens na verdade não consiste na pregação do evangelho e na libertação pelo poder de Deus, mas sim num mercado rentável que sustenta a atual Indústria da Fé, mantido pelo consumo dos fiéis que se vendem em troca de milagres.

Mas nada chamou tanto minha atenção como uma polêmica entrevista publicada pelo bispo da Universal Edir Macedo.

O vídeo veio direto do púlpito da igreja e mostra uma mulher supostamente possuída por um espírito diabólico sendo indagada sobre algumas questões, sendo o foco principal da conversa o bispo Valdomiro e a igreja Mundial.

Pelo que se percebe, o diabo resolveu apoiar Edir Macedo contra o seu discípulo e, agora rival, Valdomiro.

A entrevista é um verdadeiro show, onde durante 9 minutos o diabo responde ao bispo Macedo sobre o que está acontecendo dentro da igreja Mundial. Um verdadeiro show de horrores com direito a aplausos dos fiéis e risadas do bispo, contente com as respostas do diabo.

Em um dado momento, o "suposto filho do capeta" chega a pregar dentro da igreja. A palavra é passada ao diabo que prega ardorosamente sobre a presença de Deus dentro da IURD... E os fiéis o ouvem atentamente.

Nesse ponto do espetáculo, me lembrei de uma reportagem de mais de 40 min promovida pela Universal na Rede Record, na qual os membros das igrejas evangélicas e principalmente seus líderes são acusados de estarem possuídos pelo demônio durante os episódios de "cai-cai" nos cultos, principalmente nas igrejas pentecostais. Dentre os mais criticados está a cantora Ana Paula Valadão, bem como o seu pai.

Não vou entrar no mérito da discussão sobre o chamado "cair no Espírito" como é intitulado pelos que defendem essa prática ou fenômeno, mas algo me deixou atento: é interessante que o bispo acusa as outras igrejas de darem lugar ao diabo em seus cultos, e ele, por outro lado, simplesmente passa o microfone para o diabo falar suas mentiras dentro da sua igreja no intuito de "avisar aos incautos", como é o título do vídeo exibido no canal do bispo Edir Macedo no Youtube.

Lembro-me ainda que segundo o Senhor Jesus Cristo, o diabo é o pai da mentira e mente desde o princípio!! Então, como entender que dentro de uma igreja que professa a fé cristã esse diabo tem autoridade para falar suas mentiras, ouvidas como verdade? "Verdade" essa que não tem outro motivo, senão a disputa por fiéis, pelo dízimo dos fiéis, ao mesmo tempo que provoca divisão no reino de Deus (se é que se pode chamar esse espetáculo de Reino de Deus).

Confesso que não sou "fã" nem morro de amores pelo bispo Valdomiro (muito menos pelo polêmico Edir Macedo), mas chegar a esse ponto realmente é descer às profundezas sombrias do inferno.

É óbvio que fica claro a encenação da mulher supostamente possuída, porém para os fiéis aquele era o "Diabo falando na Terra" com toda autoridade que possui sobre a "verdade".

E assim caminha a igreja evangélica. Onde ela vai parar não é difícil imaginar, mas somente a Deus cabe o justo juízo.


sábado, 6 de fevereiro de 2016

Um amigo Ateu escreve para o Papo de Graça e Caio responde.

O ateu confuso querendo tirar a dúvida se sua suposta não crença realmente faz algum sentido. Esse é o motivo de tentar um debate com quem crê: acabar com a dúvida que carrega em seu coração: "será que realmente estou certo quanto a não existência de Deus?"



Afinal, o que o amigo ateu veio fazer nesse programa que prega o evangelho de Cristo?

Veio tentar comprovar (para aliviar as dúvidas do seu coração) que Deus realmente é um ser fictício, que não há Deus (afinal, ele ainda não tem certeza da veracidade da afirmação de que Deus não existe). E tenta fazer isso através de uma argumentação qualquer, que, segundo ele, é mais plausível que a do Caio (mas é claro que Caio nem sequer troca argumentos com ele sobre isso, e o deixa continuar na sua dúvida, na sua busca pela comprovação de seu ateísmo).

Na mente do amigo que se auto intitula ateu, se ele vence Caio num argumento, então isso lhe é mais uma confirmação de que Deus não existe, e tal confirmação iria ajudar a eliminar as dúvidas que ele ainda carrega sobre seu ateísmo.

Mas o amigo provavelmente faz isso sem se dar conta, ou então, apenas disfarça que não sabe o que realmente sente.

Mas Caio, experiente que é, sabendo do real propósito do amigo ateu, o indaga: "Você não quer avaliar no seu coração qual é a profundidade do desconforto que o meu falar, o meu sentir, o meu viver lúcido e equilibrado provoca em você? Que tipo de questão eu te suscito? Essa que é a pergunta de macho! Que questão eu te suscito?... A questão concreta, a filosofia real é essa: eu te sou uma questão, eu te sou uma provocação, eu te sou uma inquietação, eu te sou uma pergunta que tu não sabes responder. É só por isso que você está aqui..."

E a resposta final de Caio ao amigo é: "No mais, meu amigo, você vai viver com a questão que eu sou pra você. É a resposta que te dou."



quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A Igreja tem salvação?

Por: Leonardo Boff em 09/09/2012

Esta pergunta vem formulada por um dos mais renomados e fecundos teólogos da área do catolicismo: o suíço-alemão Hans Küng num livro recém lançado no Brasil: A Igreja tem salvação?(Paulus 2012). De forma entusiasta fomentou a renovação da Igreja junto com seu colega da Universidade de Tübingen, Joseph Ratzinger. Escreveu vasta obra sobre a Igreja, o ecumenismo, as religiões, a ética mundial e outros temas relevantes. Devido a seu livro que questionava a Infalibilidade papal foi duramente punido pela ex-Inquisição. Não abandonou a Igreja mas, como poucos, se empenhou em sua reforma com livros, cartas abertas e conclamações aos bispos e à comunidade cristã mundial para que se abrissem ao diálogo com o mundo moderno e com a nova situação planetária da humanidade.
Não se evangelizam pessoas, filhos e filhas de nosso tempo, apresentando um modelo medieval de Igreja, feito bastião de conservadorismo, de autoritarismo e de antifeminismo e sentindo-se uma fortaleza assediada pela modernidade, tida como a responsável por todo tipo de relativismo. Diga-se de passagem que a crítica feroz que o atual Papa move contra o relativismo é feita a partir de seu pólo oposto, o de um invencível absolutismo. Pois esta sendo a tônica imposta pelos últimos dois Papas, João Paulo II e Bento XVI: um não às reformas e uma volta à tradição e à grande disciplina, orquestradas pela hierarquia eclesiástica.
O livro de Küng A Igreja tem salvação? expressa um grito quase desesperado por transformações e, ao mesmo tempo, uma manifestação generosa de esperança de que estas são possíveis e necessárias, caso ela não queira entrar num lamentável colapso institucional.
Fique claro, de saída, que quando Küng e eu mesmo, falamos de Igreja, entendemos, em primeiro lugar, a comunidade daqueles que se permitem um envolvimento com a figura e a causa de Jesus. O foco, então, reside no amor incondicional, na centralidade dos pobres e invisíveis, na irmandade de todos os seres humanos e na revelação de que somos filhos e filhas de Deus, Jesus mesmo deixando entrever que era o próprio Filho de Deus que assumiu a nossa contraditória humanidade. Este é o sentido originário e teológico de Igreja. Mas, historicamente, a palavra Igreja foi apropriada pela hierarquia (do Papa aos padres). Ela se identifica com a Igreja tout court e se apresenta como a Igreja.
Ora, o que está em profunda crise é esta segunda compreensão de Igreja que Küng chama de “sistema romano” ou a Igreja-instituição hierárquica ou a estrutura monárquico-absolutista de comando. Sua sede se encontra no Vaticano e se concentra na figura do Papa com o aparato que o cerca: a Cúria Romana. Há séculos que esta crise se prolonga e o clamor por mudanças atravessa a história da Igreja, culminando com a Reforma no século XVI e com o Concílio Vaticano II (1962-1965) de nossos dias. Em termos estruturais, há que se reconhecer, as reformas sempre foram superficiais ou proteladas ou simplesmente abortadas.
Nos últimos tempos, entretanto, a crise ganhou uma gravidade toda especial. A Igreja-instituição (Papa, cardeais, bispos e padres), repito, não a grande comunidade dos fiéis, foi atingida em seu coração, naquilo que era a sua grande pretensão: a de ser a “guia e mestra da moral” para toda a humanidade. Alguns dados já conhecidos puseram em xeque tal pretensão e colocaram a Igreja-instituição em descrédito.
Os escândalos financeiros envolvendo o Banco do Vaticano (IOR) que se transformou numa espécie de off-shore de lavagem de dinheiro; documentos secretos, subtraídos das mais altas autoridades eclesiásticas, quem sabe até da mesa do Papa por seu próprio secretário e vendidos aos jornais, dando conta das intrigas por poder entre cardeais; e especialmente a questão dos padres pedófilos: milhares de casos em vários países, envolvendo padres, bispos e até o Cardeal pedófilo de Viena Hans Hermann Groër. Gravíssima foi a instrução de 18 de maio de 2001 enviada pelo então Cardeal Ratzinger a todos os bispos do mundo, para acobertarem, sob sigilo pontifício, os abusos sexuais a menores pelos padres pedófilos, a fim de que não fossem denunciados às autoridades civis.Um Magistrado de Oregon,USA, tentou convocar o Cardeal a um tribunal. Finalmente o Papa teve que reconhecer o caráter criminoso da pedofilia e aceitar seu julgamento pelos tribunais civis.
Küng mostra, com erudição histórica irrefutável, os vários passos dos papas para passarem de sucessores do pescador Pedro, a vigários de Cristo e a representantes de Deus. Os títulos que o cânon 331 confere ao Papa são de tal abrangência que cabem, na verdade, somente a Deus. Uma monarquia papal absoluta com o báculo dourado não se combina com o cajado de pau do bom Pastor que com amor cuida das ovelhas e as confirma na fé como pediu o Mestre (Lc 22,32)

Leonardo Boff

Oração de Nietzsche: Ao Deus desconhecido

Por: Leonardo Boff em 01.04.2011

Muitos só conhecem de Nitzsche a frase “Deus está morto”. Não se trata do Deus vivo que é imortal. Mas do Deus da metafísica, das representações religiosas e culturais, feitas apenas para acalmar as pessoas e impedir que se confrontem com os desafios da condição humana. Esse Deus é somente uma representação e uma imagem. É bom que morra para liberar o Deus vivo. Mas não devemos confundir imagem de Deus com Deus como realidade essencial. Nietzsche estudou teologia. Eu pude dar uma palestra na Universidade de Basel na sala em que ele dava aulas, quando fui professor visitante em 1998 lá. Essa oração que aqui se publica é desconhecida por muitos, até por estudiosos do filósofo. Por isso no final indico as fontes em alemão de onde fiz a tradução. No original, com rimas, é de grande beleza. LB

Oração ao Deus desconhecido


Antes de prosseguir no meu caminho
E lançar o meu olhar para frente
Uma vez mais elevo, só, minhas mãos a Ti,
Na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas do meu coração,
Tenho dedicado altares festivos,
Para que em cada momento
Tua voz me possa chamar.

Sobre esses altares está gravada em fogo
Esta palavra: “ao Deus desconhecido”
Eu sou teu, embora até o presente
Me tenha associado aos sacrílegos.
Eu sou teu, não obstante os laços
Me puxarem para o abismo.
Mesmo querendo fugir
Sinto-me forçado a servi-Te.

Eu quero Te conhecer, ó Desconhecido!
Tu que que me penetras a alma
E qual turbilhão invades minha vida.
Tu, o Incompreensível, meu Semelhante.
Quero Te conhecer e a Ti servir.

Friedrich Nietzsche (1844-1900) em Lyrisches und Spruchhaftes (1858-1888). O texto em alemão pode ser encontrado em Die schönsten Gedichte von Friederich Nietzsche, Diogenes Taschenbuch, Zürich 2000, 11-12 ou em F.Nietzsche, Gedichte, Diogenes Verlag, Zurich 1994.

Divina Dádiva