Estava hoje pensando no porque de Deus ter escolhido Israel, dentre todas as nações da terra como seu povo “escolhido”. Por que Israel? Uma pequena tribo nômade do Crescente Fértil. “Dois pequenos rebanhos de cabras”, como bem diz I Reis 20:27.
Enquanto meditava a este respeito, comecei a lembrar dos povos que subjugaram Israel. Como um estalo de luz, uma das mais diversas respostas que poderíamos ter, uma veio-me ao coração...
Pois bem, Israel foi subjugado pelos Cananeus, Filisteus e vários outros povos que habitavam a região na Idade do Ferro; depois pelo Egito no século XV a.C, pela Assíria em 722 a.C, Babilônia de 604 a 586 a.C, Império Persa em 539 a 538 a.C (Ciro), Macedônia de 333 a 323 a.C, Ptolomeus de 323 a 198 a.C, Selêucidas de 198 a 166 a.C, Asmoneus 166 a 63 a.C e a partir de 63 a.C pelo grande Império Romano, sendo conquistada por Pompeu. Não esquecendo também dos povos árabes.
Pensando nesta longa trajetória, comecei a meditar sobre o quanto Israel assimilou destes povos. Assimilou cultura, religiosidade, valores éticos e morais, costumes, lendas, ritos e mitos e as tradições de cada povo. Notei que Israel tem um pouquinho de cada povo, um pouquinho do Egito, um pouquinho da Babilônia, um pouquinho da Assíria e assim por diante... E este fato me fez pensar que isto é sem dúvida um daqueles propósitos divinos que não compreendemos muito bem. Este fato me faz pensar que há uma estratégia divina em tudo isso, há uma espécie de teleologia. E se Israel é plural... Se é o pequeno povo escolhido de Deus... Isto é porque DEUS TAMBÉM É PLURAL.
Nós temos uma incrível dificuldade de pensar na pluralidade divina, mesmo quando um dos nossos dogmas, a trindade, nos aponta este caminho com tanta nitidez. Nosso exclusivismo, nossa xenofobia, nosso etnocentrismo, nossas cavernas platônicas nos impedem de ver a pluralidade divina. Chegamos a pensar até que Deus seja cristão, mais não é... Talvez, ou quem sabe com certeza, as leituras que tenho feito de Desmond Tutu influenciem muito este texto. No entanto, sempre acreditei que o Messias não pode ser exclusividade minha, como um produto qualquer que possuo. Ele morreu FORA dos portões da cidade.
Só com uma mentalidade inclusivista é que consigo respeitar a religião e tudo mais do outro. Mesmo não concordando com o pensar, o respeito é a base daquele que pensa a diversidade na unidade. Ninguém nasce sabendo nada. A fala, os gestos e todos os aprendizados são passados dos outros seres humanos para aqueles que adentram a esfera do mundo.
Fecho citando uma das mais lindas palavras e com mais carregada de significados de certa língua Africana; O “Ubuntu”, que carrega o conceito de que uma pessoa só é uma pessoa por intermédio de outras pessoas. Somo-nos seres plurais e só nos tornamos gente na interação, comunicação e troca com os outros seres humanos... Isto é diversidade, isto é pluralidade e isto é inclusivismo. Não deixo de ser quem sou! Mas tenho consciência que só o sou por causa do outro.