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Dádiva da Adoração a Deus

Adorar a Deus é um gesto simples, mesmo que muitas vezes não seja tão fácil assim, pelo menos quando se refere à verdadeira adoração que é feita alegremente, espontaneamente e em plena sinceridade de coração. Pois, apesar de simples, historicamente a humanidade sempre encontrou grandes dificuldades em oferecer a Deus verdadeira e exclusiva adoração. Continue lendo...

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Reflexão Teologica: liberdade para ser escravo (servo)

Algumas mensagens precisam estar sempre presentes em nossa memória e em nosso coração. Hoje tive o prazer de ser agraciado com essa linda mensagem do meu amigo, o Pr. Valdinei Sobrinho Santana, que fez essa excelente reflexão sobre o atitude cristã de servir ao próximo. Fico agradecido ao Pr. Valdinei por ter compartilhado esse belo texto.

Abaixo segue o texto na íntegra e ao final um breve comentário meu:

 

Reflexão Teologica: liberdade para ser escravo (servo) 

Por: Pr. Valdinei Sobrinho Santana, em 12.09.2012.

Há quem diga que “quem não vive para servir, não serve para viver...” O que muitos não sabem ou não se dão conta é que a frase é extremamente bíblica. A dinâmica do reino de Deus é a dinâmica do serviço e da entrega. Há um texto muito especial nas referencias canônicas que mostra de forma clara e contundente esta realidade. Está em Marcos 10: 35 a 45, um dos textos mais lindos da bíblia. Neste, Jesus altera a ordem social do seu contexto, mostrando que seus discípulos deveriam seguir o seu exemplo em servir e não o de serem servidos.
O texto informa que dois discípulos (a outras versões que informam que o pedido foi da mãe) chegaram próximos a Jesus e lhe pediram algo incomum (pelo menos por ser discípulos de quem eram) O pedido foi de Tiago e João, e o que pediram a Cristo foi que ao subirem aos céus um se assentasse a sua direita e o outro a sua esquerda. A resposta de Jesus foi rápida e sintética, em outras palavras ele disse “Vocês não sabem a besteira que estão pedindo, nem sequer meditaram no que estavam para pedir para fazê-lo”. A lógica daqueles dois discípulos era a mais humana possível; Queriam estar acima dos demais. O desejo dos mesmos é o desejo do homem enquanto homem, que ao deparar-se em um mundo de “salve-se quem puder” age de forma autenticamente egocêntrica, para destacar-se acima de seus iguais, com todos os meios e métodos que possuem em mãos, justificando ou não, os fins aos meios. O que os dois pupilos de Jesus queriam era estar acima dos outros dez.
A resposta de Cristo é impressionante. Jesus fala que no seu contexto social (e por que não dizer em todos) os maiorais exercem autoridade sobre os menos favorecidos, “mais entre vos não é assim, portanto aquele que quiser ser senhor seja servo de todos”. Interessante como Jesus inverte a pirâmide social informando aos seus discípulos que os mesmo só poderiam ser senhores se antes de tudo, fossem servos. Ele segue dizendo que o mesmo também veio ao mundo para servir e não ser servido. Creio ser o único rei na historia da humanidade que teve a coragem de dizer que no seu reinado ele é o rei que serve e não o que é servido.
A palavra servo, que Jesus usou é diáconos. Que no grego bíblico tem o mesmo significado de escravo. Jesus estava dizendo que seus discípulos deveriam ser escravos e servos uns dos outros. O desejo dos filhos de Zebedeu é também intrínseco ao coração de muitos lideres cristãos (pelo menos assim se denominam) desejam a mesma coisa que Tiago e João: Serem vistos pelos demais estando acima dos mesmos. São lideres que seguem a risca a ortodoxia (doutrina correta) mais que esquecem ou menosprezam a ortopraxia (pratica correta). Disso deve resultar a reflexão da famosa frase teológica que; “Verticalidade mística, implica em horizontalidade ética”, traduzindo em miúdos, ou parafraseando o apostolo João; “Quem odeia o seu irmão a quem vê, não pode dizer que ama a Deus a quem não vê.” Ou “Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.” No caso de Jesus.
Se Jesus veio servir, a igreja é também convocada ao serviço. A pregação do evangelho só pode ser autenticamente legitimada se a mesma ultrapassar o mundo dos discursos vazios e estereotipados, para que os senhores sejam servos. A igreja precisa inverter a pirâmide social para servir a sociedade e poder pensar como pensava são Francisco de Assis “Evangelize o mundo, se precisar use as palavras”...


Breve comentário por Alexsandro:

Cada vez mais precisamos nos deparar com essa realidade cristã: a de servir ao próximo como manifestação do amor que há em nós. E essa é a lógica do cristianismo e nela se baseia o reino de Deus: no amor a Deus e ao próximo e no amor de Deus para com a humanidade, revelado em Jesus Cristo. Não existe amor sem prestação de serviços. Mas nesses dias, o problema é que o ato de servir tem se tornado algo muito subjetivo, inclusive entre cristãos evangélicos e principalmente entre seus líderes. Ou seja, a ideia de servir se estagnou na esfera da linguagem, das meras palavras que por mais lindas que sejam, nunca passarão de palavras; se reduziu a atitudes triviais como fazer uma oração, interceder por um milagre de cura ou abençoar alguém com um óleo ungido. O líder que é capaz de servir através da operação de milagres não é também capaz de aplacar a fome de um irmão faminto. As grandes igrejas atuais se enriqueceram praticando esse "servir" subjetivo, mas na prática tanta riqueza não é revestida em obras sociais que façam jus à essa riqueza ou que faça uma diferença visível na vida daqueles que mais precisam da ajuda das igrejas. Não há um servir concreto, que vá além das palavras e ultrapassa o mundo das convenções sociais, como essa ideia do "salve-se quem puder" que foi citado no artigo. E cada vez mais a igreja se torna uma repetição do mundo, onde a competição e rivalidade por poder transforma seres humanos em meros objetos ou produtos a serem comercializados...
Bom, mas tudo isto já foi previsto, não foi? No entanto, nada nos impede de lutar por uma igreja sadia e livre dessa verticalidade social, das políticas de engrandecimento dos seus líderes e da prática desse serviço subjetivo e morto nas fronteiras das palavras.

Divina Dádiva